8.03.2007


"Coisa bem miserável é tentar ser mestre
sem nunca ter passado por discípulo"


Provérbio chinês

4.20.2005

As pessoas que queremos que nos esqueçam

Todas as canções, filmes e livros do mundo falam da dificuldade que temos em esquecer alguém. As frases lamechas sobre o assunto proliferam pelos quatro cantos do mundo, da imaginação, do pensamento. No entanto, isso não me interessa muito. Tenho muito mais interesse em analisar as situações em que desejamos vigorosamente ser esquecidos.
Existem pessoas que pairam nas nossas vidas durante anos, sem descanso e sem retorno. Parece que têm um bilhete de entrada, sem outro que as possa levar de volta para o sítio de onde vieram. Essas pessoas fazem-nos uma sombra constante e gostam de abrir brechas, supostamente incomodativas, para irem marcando a sua presença de forma regular. Há pessoas que deixamos entrar e não mais conseguimos fazer sair, por mais que queiramos. No entanto, nós não as queremos mais.

4.18.2005

Quanto mede tudo?

Desenganem-se os que pensam que este blog é triste e solitário. Bem pelo contrário, a mesa p'ra um é o que de mais integrador existe. Grandes obras de arte já nasceram desta forma. O presente blog é disso um cabal exemplo. A sua artista assim o criou, à mesa com os seus pensamentos. Na realidade, a mesa p'ra um é frequentemente acompanhada de outras mesas p'ra um. Quantas vezes não estamos sentados junto de estranhos numa biblioteca ou num espaço público de restauração, quantas vezes comemos à mesa com tantas outras pessoas que não conhecemos? Estamos sós, e contudo numa mesa p'ra muitos mais. Acontece mesmo de estarmos à mesa com amigos ou familiares e fazermos desse espaço um espaço só nosso, escondendo-nos atrás dos nossos pensamentos. Também aí nos encontramos numa mesa p'ra um.

Mas deixemo-nos destas divagações - certamente já ficou claro o meu intuito - e passemos ao verdadeiro problema que cá nos trouxe: O TAMANHO DO UNIVERSO.
Quanto mede tudo? Aqui está uma questão algo existencial e mesmo um pouco impúbere mas que, apesar do quarto de século, continua a atormentar-me. Onde acaba o universo? Será que acaba? Os meus neurónios correm afogueados quando lhes coloco a hipótese de existir algo que não acaba mais. A minha estrutura lógica não consegue evitar perguntar-se onde é o fim do infinito. De uma forma algo complexa, habituei-me a ver o fim de tudo, e tudo me leva a crer que até o infinito deve ter o seu término. Não consigo, de forma alguma, enfiar dentro do pequeno espaço ocupado pelo meu crânio essa ideia de algo que não acaba. Em conversa com o meu irmão, fiquei com a sensação que ele já tem mais facilidade em lidar com esse conceito. No entanto, talvez isso se explique por uns três anos de vida que me leva de vantagem, juntamente com alguns centímetros de diferença na massa cerebral. Admito que, para mim, tal é impossível.
Contudo, questão ainda mais complicada é admitir que o universo tem um fim. Assim sendo, acabará ele num muro que o determine? Sendo esse muro real, o que estará por detrás dele? Outro universo? Deitemo-lo por terra como ao muro de Berlim, que descobriremos?
Esta é uma questão que dará horas à mesa. Aceitam-se opiniões.

3.26.2005

A mesa

Este blog foi criado à mesa. Numa mesa p'ra dois.
Vocês já repararam a quantidade de coisas que se podem fazer à mesa? A primeira que vem à cabeça é, naturalmente, comer. Mas mesmo a mesa para comer, não é uma realidade que não mereça algumas reflexões.
Tomar o pequeno almoço e fazer uma jantarada de negócios são situações substancialmente diferentes. Um jantar romântico e um hambúrguer rápido numa cadeia de fast-food, um piquenique no monte do Bom-Jesus e um almoço de casamento, um lanche no quartel dos bombeiros por ocasião do 30º aniversário da companhia ou um pacote de bolachas comido à secretária no escritório... a mesa para comer levanta muitas possibilidades.
Contudo, há uma situação particular que me chama a atenção: a mesa para um. Há inúmeras pessoas que tomam as suas refeições sem qualquer companhia (normalmente, não vão jantar sozinhas a um restaurante requintado ou íntimo porque não conseguem visualizar, nos outros lugares da mesa, nada de requinte ou intimidade). Sentam-se nas mesas da restauração no shopping, disfarçam a solidão com um livro ou um jornal ou simplesmente apoderam-se da companhia de todas as outras pessoas presentes no local. Ouvem estórias, fazem julgamentos, observam andares e atitudes, miram a televisão que, insistentemente, se encontra sempre ligada num canto qualquer.
E pensam, reflectem, concluem, analisam...
As potencialidades que oferece uma mesa p'ra um...